segunda-feira, 29 de março de 2010

Carta de Despedida

"Começo, agora, a escrever.

Meu coração, frio e morto, bate forte. Meu corpo treme por completo. Sinto falta de ar, apesar de meu imenso desejo de fumar um careta. Não sei o que possuo dentro de mim - ou o que falta - apenas sei que o que sinto não é bom e me faz muito mal.

Três coisas me mantém vivo: o cigarro, o álcool e meus amigos. Com eles eu consigo colocar meus pés no chão, consigo pensar melhor, trocar idéias, resolver problemas... Mas existem aqueles que não conseguimos resolver, lógico, como por exemplo: 'Quando a mulher da sua vida lhe quer como amigo o que se deve fazer?' ou 'O que você faz quando a única pessoa que pode enxugar suas lágrimas é justamente aquela que te faz chorar?'. A resposta é: 'Conforme-se'. Muitas vezes um amor fraternal é grande demais para tornar-se paixão, ou talvez você nasceu pra ser um solitário.

Ultimamente ando à procura de algo que todos chamam de deus, ou melhor, desde que meu corpo pútrefo e frágil veio à esse mundo decadente, que tento achar alguma pista de que ele existe. Mas de um passado não tão distante até aqui, eu estou procurando-o mais minuciosamente, pois se dizem por aí que deus é amor, eu quero uma deusa que me ame verdadeiramente e que que me ensine que viver vale à pena. Mas o caminho desse meu objetivo está, à cada dia que passa, estreitando-se mais, e mais. Já estou quase desistindo, pois é chegado um momento no qual você já não suporta mais chorar pelos cantos, e eu acho que já ultrapassei meus limites. Só o que eu quero é encontrar alguém que me ame incondicionalmente, ou quem sabe, uma carteira de cigarro, uma garrafa de whisky, uma praia, um amigo que esteja na minha mesma situação, e a Lua.

Quero me embriagar de solidão até que todos me esqueçam."

Ucla B. Abrantes - 29/03/2010

2 comentários:

  1. nossa! estou simplesmente imprecionada, extasiada, arrepiada com o seu texto! Muito bom mesmo. tou te seguindo.

    (http://semideiasnormais.blogspot.com/)

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